Oiii meninas ;) Cumprindo a minha segunda promessa, hoje venho com o post da minha primeira entrevista. O tema era superação e mais uma vez escolhi falar sobre moda. Fui pesquisar no "Google nosso de cada dia" ;P e encontrei um estilista cuja história eu me interessei bastante e vocês vão saber o por quê aqui embaixo. Espero que gostem ;*
É em seu novo apartamento
muito aconchegante entre imagens religiosas, revistas de moda e um
porta-retrato de sua mãe que Lindebergue guarda as lembranças de sua bem
sucedida carreira e mostra com muito orgulho os álbuns de seus primeiros
desfiles e nos conta um pouco da sua vida.
Foi em Várzea da Conceição,
município de Cedro no Ceará, no ano de 1974,que nasceu Lindebergue Fernandes.
Em Várzea da Conceição morou somente durante três anos, sua família almejava
encontrar novas oportunidades de vida para os filhos na capital do Estado.
Quando chegou em Fortaleza, foi morar com sua mãe e seus dois irmãos em uma
casa que haviam comprado em Maracanaú, onde viveu até dois anos atrás, antes de
sua mãe falecer e seus irmãos se casarem.
Lindebergue Fernandes sempre
foi muito criativo e tinha vontade de trabalhar com algo relacionado à arte e à
criatividade, só não sabia com o quê. Com um sorriso no rosto diz que sua irmã
antes de sair de casa sempre pedia sua opinião a respeito do que deveria usar e
ele sempre se inspirava na roupa das atrizes das novelas para montar um look para ela. Foi aí que percebeu que
tinha talento para a área da moda, mas não sabia por onde começar, já que nunca
havia feito nenhum curso profissionalizante nessa área. Em busca de emprego,
foi até uma loja muito famosa que existia em Fortaleza chamada Anirak e falou
com o estilista da marca para saber o que devia fazer para poder ingressar no
universo da moda. Seguindo as instruções desse estilista Lindebergue fez um
curso de desenho no Senac, mas quando voltou à loja para pedir um emprego
disseram que não tinham nada para lhe oferecer, por que todos que trabalhavam
lá eram formados em moda. Indicaram então, o seu nome para a dona de uma
confecção muito conceituada chamada Modarte. Lindebergue foi à luta. Fez o
teste, foi reprovado e quase desistiu, mas a proprietária da loja disse pra ele
continuar tentando e forneceu o número de seu telefone. Depois de um tempo ele
entrou em contato e, para a sua surpresa, havia a vaga de assistente de um
estilista chamado Cabral que trabalhava na Anne e foi assim que Lindebergue com
apenas dezoito anos de idade, em 1994, conseguiu o seu primeiro emprego.
Com o surgimento do Dragão
Fashion, em 1999um novo mercado se abriu para os estilistas. Por ser assistente
de Cabral, Lindebergue sempre comparecia às reuniões, mas no primeiro ano de
desfiles ele não pôde participar, pois o evento era somente para estudantes e
graduados em moda. Já no ano seguinte, o evento foi aberto para autodidatas.
Ele se inscreveu e participou do Concurso para Novos Talentos com o tema “Romeiros
de Canindé” e ficou entre os oito classificados. Mesmo assim, não desistiu e em
2001 tirou o primeiro lugar, com o tema preestabelecido “Chico da Silva”, e a
chance de participar do Dragão Fashion por tempo indeterminado. “Minha família no início tinha um certo
preconceito. Por serem do interior achavam que era coisa de gay. No primeiro
desfile não foi ninguém, nem minha própria mãe. Mas, quando comecei a sair no
jornal e ser reconhecido eles mudaram de opinião. Depois disso, todo desfile
eles estão lá.”
Assim, as portas foram se abrindo. No
ano de 2002 fez sua primeira coleção e pôde escolher seu próprio tema. Depois
de ver uma exposição de uma artista plástica, que trabalhava com patchwork, chamada Marta, a única coisa
que Lindebergue conseguia pensar para seu desfile era fazer uma ligação dela
com cozinha, por conta dos panos de prato e coisas com bordados. “Nós estávamos vivendo a época do
minimalismo. O branco prevalecia e nada era artesanal, pois havia um certo
preconceito com o que era daqui. Então, eu surgi nas passarelas com muitos
bordados e peças bem trabalhadas. As pessoas se assustaram, mas os jornalistas
gostaram tanto que aplaudiram de pé”.
Já em 2011, foi convidado
para participar de um projeto juntamente com a Conexão Solidária, uma
iniciativa do Dragão onde todo ano é escolhido um estilista para viajar por
todo Nordeste conhecendo o artesanato de raiz. Lindebergue, claro, topou o
desafio. Mas, como já estava criando a sua coleção decidiu que iria juntar tudo
e fazer um só desfile. Foi assim que surgiu “Conexão Solidária por Lindebergue
Fernandes”. Foram horas e horas dentro de um carro visitando comunidades de
rendeiras, redescobrindo valores e culturas. Ao final do desfile, as artesãs
juntamente com os modelos, entraram na passarela como uma forma de agradecer e
reconhecer o trabalho tão rico que elas fizeram. O diferencial de Lindebergue
nesse programa foi ter percebido que os outros estilistas montavam uma coleção
muito conceitual, ou seja, somente para as passarelas e depois dos desfiles as
rendeiras não tinham como vender aquilo. Assim, ele criou uma coleção
conceitual, que foi apresentada no Dragão, e uma comercial para que as artesãs
tivessem uma fonte de renda depois que acabasse o desfile.
Em 2012, o estilista já
consagrado profissionalmente, fez um remake
de alguns de seus desfiles mais importantes durante esses 10 anos de Dragão,
levando novamente às passarelas os temas: “Romeiros de Canindé”, “Cozinha” e
“Novelas”. “Nestes dez anos fiz muita
coisa e tive o privilégio de ser convidado a realizar muitos trabalhos, desde o
desfile da Novíssima Geração (FENIT) em São Paulo até a exposição de peças em
Paris na Premier Vision.”
Hoje, Lindebergue Fernandes
trabalha como estilista para marcas conceituadas como DLT e Handara, além de
contar com a sua própria equipe de profissionais para criar as coleções dos
desfiles. Composta pelo diretor criativo, Charles W., a modelista Maria Braga
(que está com ele desde o concurso de novos talentos e hoje mora na Colombia,
mas todo ano vem para o Ceará, modelar sua coleção), os estilistas Thiago
Nascimento e Francisco Matias (que fazem
um trabalho de produção incrível), Davi Sombra (faz parte da equipe há dois
anos), as irmãs Adelita e Angélica (fazem os acessórios dos desfiles) e Sei Barros
(com quem troca ideias e é responsável pela qualidade e acabamento das
peças). “Cada um tem uma função, mas na hora do aperto todo mundo ajuda todo
mundo”.
Lindebergue nos mostra um pouco mais de seu trabalho, desde o início de sua carreira.
Remake dos seus 10 anos de Dragão Fashion.
Artigo usado em seu último desfile.
Inspiração.
Memorial feito em homenagem á sua mãe.
Alguns artigos decorativos de seu apartamento.
• Como você
se inspira pra criar uma nova coleção. De onde você busca suas referências?
Eu
busco minhas referências no cotidiano, o que difere meu trabalho é ser lúdico,
pois eu pego o artesanato local e não faço aquela coisa caricata que todo mundo
está acostumado a ver.
• O que
você ganha pra participar do Dragão Fashion?
Na verdade na época do Dragão a
gente não ganha, só gasta dinheiro. A vantagem é a visibilidade, pois a partir
daí vão surgindo os trabalhos e os contatos.
• Eu
percebi que seus desfiles são bem complexos, como nós podemos levar essas
tendências pras ruas?
Quando a gente começa a se planejar para um desfile nos pensamos
na cartela de cores, tecidos, formas, etc. Se trabalharmos muito o lado
comercial as pessoas cansam, por isso temos que inovar. Então o que eu faço é
balancear um pouco, misturando o conceitual com o comercial. Pois, assim as
roupas vão poder sair das passarelas e irem direto para as ruas.
• Quando
começam os preparativos para o dragão fashion, você já tem algo em mente para o
desfile do próximo ano?
Não. Você acredita que a gente sempre faz tudo de
última hora?! Em dezembro eu e meu “diretor criativo” Charles W. começamos a
nos comunicar e tudo que eu tiver de referências eu mando para ele, ai alguns
meses antes sentamos e definimos como vai ser.
• O que
está por vir, quais são os seus planos daqui pra frente?
Eu não costumo fazer
planos para o futuro, deixo tudo acontecer naturalmente. Assim como foi com
esse projeto da Conexão Solidária, eu não esperava. Estava fazendo a minha
coleção para o Dragão quando eles me fizeram a proposta.
• Qual a
foi a sua maior superação?
Com certeza foi esse projeto com a Conexão
Solidária. Fiquei muito honrado por ter sido escolhido, entre tantos
estilistas, para tão realizar um trabalho complexo.
Ariel, Eu, Lindebergue e Stéphanie.
Obrigada pela ajuda, atenção e disposição de todos que permitiram essa entrevista acontecer. ;)